A Seleção Brasileira parou no tempo?

O artigo explora a preocupação dos brasileiros com o desempenho recente da Seleção Brasileira e a esperança de que a Verde-amarela retome seu lugar de destaque no futebol mundial. Destaca como uma nova abordagem tática, física e disciplinar, pode ser fundamental para recuperar a essência do futebol brasileiro.

OPINIÃO

Diverfut

5/8/20245 min ler

Após anos de domínio global, com três finais de Copa do Mundo consecutivas; 1994, 1998 e 2002, coroando-se campeã em duas delas, cinco títulos de Copa América e quatro da extinta Copa das Confederações no mesmo período, a Seleção Brasileira vem enfrentando uma série de desafios que têm gerado dúvidas sobre sua capacidade de retornar ao topo do futebol mundial.

A verdade é que o torcedor brasileiro se acostumou a ver uma seleção brasileira de futebol vitoriosa, cheia de jogadores habilidoso que, quando não resolviam coletivamente, sempre se podia contar com aquele craque capaz desequilibrar um jogo difícil com uma jogada espetacular. Porém o cenário hoje é outro, em sexto lugar nas Eliminatórias para Copa do Mundo de 2026, atrás até mesmo de seleções como Equador e Venezuela, e uma atuação morna na recém disputada Copa América 2024, a sensação é de incerteza, embora os jogadores habilidosos não tenham desparecido, o Brasil parece ter ficado pra trás, nesse cada vez mais tático e físico, futebol moderno.

Desempenho da Seleção nas Últimas Competições

A seleção brasileira, que um dia foi sinônimo de excelência, passou por momentos difíceis nas últimas competições internacionais. Desde a humilhante derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014, o time não conseguiu conquistar títulos de grande expressão no cenário mundial. Embora tenha vencido a Copa América em 2019, o desempenho na Copa do Mundo de 2018 e na Copa do Mundo de 2022 ficou aquém das expectativas, com eliminações precoces que decepcionaram profundamente os torcedores.

O torcedor costuma atribuir essa falta de sucesso, à ausência de craques com a mesma estatura dos que brilharam na era dourada do futebol brasileiro. Jogadores como Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Ronaldo Fenômeno, que lideraram a seleção ao título mundial em 2002, deixaram um vazio que não foi preenchido à altura nas gerações seguintes. Bom, o torcedor não está errado, afinal a voz do povo é a voz de Deus, más dentre os problemas, esse não é o que mais preocupa.

A tática para recuperar o prestígio

O futebol brasileiro é tradicionalmente associado a uma abordagem mais criativa e individualista, com ênfase em dribles, improvisação e talento técnico. Em contrapartida, na Europa, o futebol evoluiu para ser mais estruturado e tático, com uma maior ênfase na organização coletiva, disciplina defensiva e transições rápidas, e aí onde se abre uma brecha. Nos últimos anos, a evolução tática no futebol europeu foi marcada por inovações como o "gegenpressing" na Alemanha, o "tiki-taka" na Espanha, e o uso crescente de esquemas flexíveis como o 3-5-2 e o 4-3-3. Essas inovações, juntamente com a alta intensidade física, tornaram o futebol europeu cada vez mais dominante nas competições internacionais.

Para que a Seleção Brasileira retome seu lugar de destaque no cenário mundial, é essencial encontrar um equilíbrio entre o talento individual dos jogadores e a disciplina tática que caracteriza o futebol europeu. Isso não significa abandonar a essência do futebol brasileiro, mas sim integrá-la em um sistema tático moderno e bem estruturado.

Primeiramente, a Seleção Brasileira precisa adotar uma abordagem coletiva mais robusta. Isso envolve maior compromisso com a organização defensiva e o trabalho em equipe. Os jogadores brasileiros, com todo o seu talento, devem ser treinados para entender e executar funções específicas dentro de um esquema tático, sem comprometer sua criatividade.

Além disso, a preparação física deve ser aprimorada. O futebol europeu se destaca pela intensidade e resistência física, e o Brasil deve seguir essa tendência para competir em igualdade de condições. A capacidade de manter um alto nível de intensidade durante todo o jogo é crucial, especialmente em torneios de alto nível como a Copa do Mundo.

Por fim, é importantíssimo um trabalho de mudança de mentalidade do jogador brasileiro. O preparo psicológico de um jogador de futebol é fundamental para enfrentar momentos de alta pressão durante o jogo, como decisões em finais, cobranças de pênaltis ou situações de desvantagem no placar. Um bom estado mental permite ao atleta manter a concentração, controlar a ansiedade e tomar decisões rápidas e eficazes, mesmo sob intensa pressão.

A era Dorival: O futuro da Seleção Brasileira

Nos primeiros jogos amistosos sob sua gestão, Dorival fez questão de testar diferentes formações e dar oportunidades a jogadores que vinham se destacando em seus clubes. A vitória contra a Inglaterra e o empate contra a Espanha foram os pontos altos desses amistosos, onde o Brasil demonstrou um futebol fluido, com boas transições entre defesa e ataque, além de uma defesa mais organizada e compacta. Essas partidas iniciais trouxeram um certo otimismo, mostrando um time com uma proposta clara de jogo, onde a tradicional criatividade brasileira, parecia bem complementada por uma estrutura tática que dava segurança e confiança aos jogadores.

Entretanto, os desafios da Copa América revelaram que ainda há trabalho a ser feito. Durante o torneio, a seleção enfrentou adversários com estilos variados, o que expôs algumas fragilidades na adaptação tática e na resistência psicológica em momentos decisivos, como na eliminação diante do Uruguai nos pênaltis. Em alguns jogos, a equipe demonstrou dificuldades em manter o controle do meio-campo, permitindo que os adversários pressionassem e criassem oportunidades de gol. Além disso, a falta de contundência em jogos-chave, como na fase grupos contra a Colômbia, destacou a necessidade de uma maior consistência nas finalizações e na tomada de decisões sob pressão. Dorival Júnior reconheceu esses pontos críticos e enfatizou a importância de continuar evoluindo no que chamou de processo de montagem [da Seleção Brasileira], saímos invictos, más não satisfeitos, acrescentou o treinador em entrevista coletiva, após a eliminação.

Os próximos jogos pelas eliminatórias Sul-americanas

Os próximos jogos da Seleção Brasileira pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 estão programados para os meses de setembro e outubro, onde o Brasil enfrentará adversários tradicionais da América do Sul. Em setembro, no dia 6, a seleção enfrentará o Equador, em Curitiba-PR e logo depois viaja para Assunção, para enfrentar o Paraguai, no dia 10, dois times que podem representar desafios inesperados, especialmente em partidas fora de casa. Essas partidas serão cruciais para Dorival Júnior ajustar a equipe e elevar a posição do Brasil na tabela, já que atualmente a verde-amarela ocupa a sexta colocção, abaixo do própio Equador e da Venezuela.

Embora o Brasil tenha participados de todas as Copas do Mundo já realizadas, o caminho para a classificação nem sempre se é fácil. As Eliminatórias Sul-Americanas são conhecidas por sua intensidade e imprevisibilidade, com todos os times lutando ferozmente por uma vaga na Copa do Mundo. Além disso, o Brasil enfrentará a pressão de manter sua posição de destaque no cenário internacional, enquanto lida com a renovação do elenco e a implementação das ideias táticas de Dorival. Adversários como a Argentina, atual campeã mundial, Uruguai, Colômbia, Equador, Chile e até mesmo a Venezuela podem se tornar grandes obstáculos nessa caminhada. O Brasil também precisará lidar com a altitude em alguns jogos, como na Bolívia, e com a necessidade de manter a consistência em casa e fora, onde as condições podem variar drasticamente. A expectativa e a cobrança por resultados são altas, e Dorival Júnior terá o desafio de manter a equipe focada, unida e preparada para enfrentar as adversidades que surgirem ao longo dessa jornada, garantindo assim que o Brasil carimbe seu passaporte para a Copa do Mundo de 2026.

Dorival Jr. - Foto divulgação CBF

Amistoso Brasil x Espanha - Foto divulgação CBF